quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Que venha 2009!



O Natal se passou e eu nem pude deixar-lhes meus votos. Mas para mim o Natal não é o aniversário de Jesus Cristo, é mais uma simbologia disto. Minha mãe me contou a história uma vez...Em um site eu vi um resuminho, que dizia basicamente:
"Parece incrível, mas a escolha da data não tem nada a ver com o nascimento de Jesus. Os romanos aproveitaram uma importante festa pagã realizada por volta do dia 25 de dezembro e "cristianizaram" a data, comemorando o nascimento de Jesus pela primeira vez no ano 354. A tal festa pagã, chamada de Natalis Solis Invicti ("nascimento do sol invencível"), era uma homenagem ao deus persa Mitra, popular em Roma."
(Fonte: Mundo Estranho )

Então, o Natal é mais um momento de unir a família, que fica tão distante no cotidiano do ano...(Seria bom que houvessem mais dias assim então, não?)

Mas então, neste momento, vim com este devaneio para deixar-lhes meus votos de Ano Bom.
Sim, mais um ano chega ao seu fim, e agora temos a oportunidade de repensar e refletir um pouco sobre nossas vidas, sobre o que andamos fazendo de bom, de ruim, de certo, de errado. É hora de repassarmos tudo isso. Hora? Bom, não é que seja, devia ser sempre, mas com um fim e um início podemos juntos nos renovar.
E é isso que eu desejo a todos vocês. Renovação, e com ela, prosperidade e a alegria, aquela alegria de viver.
Tudo de bom a todos, e um Felicíssimo Ano Novo!
Que venha 2009, e que estajamos prontos para enfrentar quaisquer obstáculos, viver quaisquer aventuras, crescer incondicionalmente e amar sem fim!

sábado, 6 de dezembro de 2008

Povo Brasileiro



O que que é ser brasileiro? Carnaval, futebol e mulher bonita?

O Carnaval vem da sociedade vitoriana do século XI, e a palavra "carnaval" está relacionada com a idéia de "afastamento" dos prazeres da carne marcado pela expressão "carne vale".

A palavra Futebol vem do inglês "foot" (pé) e "ball" (bola).

Como podem ver, nem aquilo que nos caracterizamos vem das nossas próprias raízes.

Bem, mas o que é ser brasileiro então?
Esse semestre tive uma matéria muito bonita chamada Antropologia e Educação, onde li um livro do fundador da Universidade de Brasília, Darcy Ribeiro, chamado "O Povo Brasileiro", que fala justamente da nossa real natureza. No meu Terceiro Ano, também li um livro interessante chamado "O que faz o Brasil, brasil?", de Roberto da Matta, que também fala um pouco da nossa cultura, do jeitinho brasileiro. E agora quero aqui compartilhar algumas idéias com vocês.

Tudo bem, vamos começar do começo. Como nos formamos?
A nossa terra foi achada, e não descoberta. Aqui já moravam indígenas, povos de tribos distintas e tradições pouco semelhantes. E então, vieram os lusos, que os chamaram de índios - Índio vem da suposição errônea, por parte dos espanhóis, de que estavam na Índia quando desembarcaram na América, e tem um significado de "sem alma". Já indígena vem do latim indigena (indu= dentro; gena=gerado), ou "nascido dentro do país'; nacional, nativo.

Pobre desse povo..."sem nenhum cobrimento de suas vergonhas" (Carta de Pero Vaz), não conhecem o cristianismo, pensavam os portugueses, e precisam ser salvos, pensavam os jesuítas. Imaginem, tentar transformar esses povos da terra em seres escravos e catacúmenos! Esses povos, com suas múltiplas culturas e histórias, terem que abandonar tudo que cultivaram para submeter-se ao português que lhe parecia tão mais poderoso! Claro que nem todas as tribos foram amigáveis, portugueses foram comidos - pois no início da colonização havia indígenas antropófagos - ou incorporados na tribo pelo chamado cunhadismo - que aliás foi a forma que um dos meus antepassados portugueses e indíos deram luz a um mameluco que deu origem à família paterna da minha avó materna.
Mas esses indígenas, tantos dizimados e deculturados pela escravidão, pelas guerras e pelas pestes trazidas pelo homem branco...O que herdamos deles? Geralmente, dizemos que índio é preguiçoso...Mas é isso mesmo? Eles que detinham todo o conhecimento dessa terra nova. Sem eles seria difícil conhecer o território, cultivar os alimentos desta terra - pois não sei se sabem, a mandioca possui uma raiz venenosa, que só pode ser comestível depois de muito tempo de cozimento e cuidado - seria difícil lidar com os animais, com uma terra completamente desconhecida. Pra vocês terem uma idéia, deles herdamos até o banho diário! Mas a maior contribuição de todas, definitivamente, foi a alegria. Pois para eles, leitores, em tudo há um espírito, tudo está entrelaçado, e eles estão sempre em harmonia com a natureza e com a vida, que em sua plenitude merece ser festejada.
E os africanos, alguém sabe o que herdamos deles? Também eram povos múltiplos, povos sofridos, arrancados de suas terras para servir de mula de carga para os portugueses, para escravizados, construírem com seus braços fortes o Brasil. Torturados mesmo por precaução para que não fugissem, eles foram fortes, aprenderam a língua que os capatazes lhe gritavam, e tiveram que esquecer sua cultura para se enraizarem nesta nova terra. Entretanto, a ética africana é antropocêntrica e vital, e eles trouxeram consigo a mais tenra espiritualidade, a idéia de sagrado que se manteve forte dentro de seus corações, pelas grandes perdas e sofrimentos que viveram no Brasil. As religiões africanas hoje já fazem parte de nós, mesmo que nos digamos cristãos, ou seja o que for. Os negros africanos foram tão fundo na construção do país que não são mais eles, somos nós, brasileiros. (Darcy Ribeiro, 2006)
Mas, e os portugueses? São só gente sem coração que escravizou sem dó nem piedade?
Definitivamente, não. Eles trouxeram muito mais do que imaginamos.
Primeiro que, no Brasil, já se formava um porção de gentes, encontradas e mestiçadas. Indíos, africanos, mamelucos, caboclos, mazombos, mulatos, curibocas. O que seria tudo isso? O português veio de uma nação recentemente instaurada, e trouxe consigo toda a estrutura social, política e econômica que o Brasil precisaria para ser Brasil, para ser um povo-nação. Sem os portugueses, não seríamos a nação imensa e sincrética que somos, distribuídas por todo esse Brasil de brasis fragmentados. "Por essas vias se plasmaram historicamente diversos modos rústicos de ser dos brasileiros, que permitem distinguí-los, hoje, como sertanejos do Nordeste, caboclos da Amazônia, crioulos do litoral, caipiras do Sudeste e Centro do país, gaúchos das campanhas sulinas, além de ítalo-brasileiros, teuto-brasileiros, nipo-brasileiros", entre tantos outros. Somos pluriétnicos e multiculturais, minha gente.
Antes de ser brasileiros nós temos uma identidade étnica que deve ser respeitada e reconhecida. Eu não sou igual a você, e você não é igual a ele. Mas somos todos brasileiros, e é por aqui que eu afirmo que o racismo não tem mesmo o menor sentido.
"Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós, brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram, para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos, e a gente insensível e brutal, que também somos." (Darcy Ribeiro, 2006, página 108)


E é isso, gostaria apenas de compartilhar com vocês o verdadeiro significado do Povo Brasileiro que somos de verdade, e não aquele que os de fora dizem que somos. Tenham orgulho, somos muito mais do que temos idéia ser.